domingo, abril 22, 2007

Despedida

As universidades são, ou pelo menos deveriam ser, fonte de cultura.

Uma das vertentes artísticas da cultura académica são as tunas.

As tunas são dos movimentos musicais mais ricos, em qualidade e em diversidade que temos em Portugal. Sendo também uma bandeira do país nos muitos festivais internacionais de tunas. As tunas cantam e tocam o fado de Coimbra, serenatas, baladas, versões de musicas já existentes, originais, musica alegre, musica humorística, entre outros estilos que se vão adaptando ao toque dos estudantes.

Hoje, à entrada da minha última Semana Académica enquanto estudante, coloco ao dispor de quem queira ouvir uma música que emociona qualquer um que como eu vê próxima a despedida, com a saudade já a espreita nas recordações que ficaram para trás nos últimos 4 anos.





Adeus minha universidade

Chegou a hora da partida

Eu já sinto a triste saudade

Quando envergo capa e batina

Choro sobre esta minha capa

Negra a noite e o sentimento

Quando trino minha guitarra

E canto este meu lamento

E minhas fitas voam ao vento

Levam as minhas recordações

E são as negras capas na rua

Com serenatas comovem a lua

Choras a minha despedida

Perdem-se lágrimas de dor

Perdem-se gotas de vida

E minhas fitas voam ao vento

Levam as minhas recordações

E são as negras capas na rua

Com serenatas comovem a lua

E assim me dispeço até daqui a uma semana, pois não terei possibilidade de publicar nada nos próximos dias!

terça-feira, abril 17, 2007

Será apenas treta?


O país não tem sabido agradecer aos que o fazem rir. Fazer rir representando um papel é, segundo os entendidos, mais difícil que fazer chorar.


Dos actores portugueses, aquele que mais admiro, e que melhores momentos me tem proporcionado é o actor e encenador José Pedro Gomes.


Na sua ligação ao trabalho de Herman José, desde os tempos do “caxuxo” do Casino Royal, até à Herman Enciclopédia ( que foi para mim o melhor programa de humor da TV portuguesa), entre outros, José Pedro Gomes tem feito rir muita gente com a sua genialidade.

No teatro, fez parceria com António Feio naquela que foi a mais brilhante interpretação que me recordo ter visto. Aconteceu em “O que diz Molero” em que durante 3 horas de diálogo e longos monólogos também, com uma expressão física que só por si enche o palco somos levados a viajar pelo riso, pela aventura, pelo amor, pela emoção, pelo medo….pelo mundo afinal! Como se estivéssemos a ler uma banda desenhada fantástica.
É com António Feio, também ele alvo de grande admiração da minha parte que tem partilhado muitos sucessos no teatro e na TV.

O merecido êxito mediático surgiu a galope nas palavras de uma conversa da treta.
Sem cenário, sem adereços, apenas com conversa simples de humor inteligente, embora muitas vezes camuflado pelos traços pouco intelectuais dos personagens.
Quer se queira quer não, é um feito tremendo e ao alcance apenas dos grandes artistas pôr uns país a rir de norte a sul com recorrendo a tão escassos trunfos.

A cultura não está apenas nos “livros”. A palavra cultura define as “características de um povo”, e cada um de nós reconhece um pouco do Toni e do ZéZé. São duas caricaturas brilhantes, e hilariantes de um Portugal que não é cinzento ao contrário do que muitos dizem. É repleto de matéria prima para que o humor seja uma arte por mais simples e popular que seja a forma como é apresentado.





Ps: Vejam o "Filme da treta"....os extras do DVD também! E lavem a alma com um sorRISO.

quarta-feira, abril 11, 2007

Homenagem ao trovador

Adriano Maria Correia Gomes de Oliveira nasceu em Avintes, em 9 de Abril de 1942 e faleceu ainda jovem aos 40 anos.
Cantor e compositor de grande qualidade, ninguém diria ao contemplar a extensão da obra que deixou que teve tão escassos anos de vida.. Adriano Correia de Oliveira estudou direito em Coimbra, e foi lá que se começou a notabilizar como um dos grandes intérprete do fado de Coimbra. Em 1963 saiu o primeiro disco "Fados de Coimbra" que continha Trova do vento que passa, essa balada fundamental da sua carreira, com poema de Manuel Alegre, em consequência da sua resistência ao regime salazarista, e que as suas movimentações levaram a gravar, foi o hino do movimento estudantil. Em 1975 lançou "Que Nunca Mais", com direcção musical de Fausto e textos de Manuel da Fonseca Este discolevou a revista inglesa Music Week a elegê-lo como "Artista do Ano". A sua filha Isabel Oliveira, recebeu em nome do pai das mãos de Mário Soares a Ordem da Liberdade.

Na Marinha Grande, no museu do vidro, na passada 2ª feira, (data do 65º aniversário do nascimento de Adriano) foi feita uma homenagem a Adriano Correia de Oliveira, com a presença de várias personalidades, amigos do cantor, e familiares.
Foi feita nessa sessão solene, para além da inauguração de uma exposição sobre a vida e obra de Adriano, a apresentação do CD “Adriano Sempre…” composto por versões livres dos temas mais conhecidos do cantor interpretados por músicos marinhenses e nacionais. No dia 21 de Abril, no parque municipal de exposições da Marinha Grande esse CD dará o mote a um grande concerto, inserido nas comemorações do 25 Abril, em que vários artistas envolvidos na gravação do CD vão interpretá-lo em palco.

este é link para saber mais sobre a iniciativa de que falei e sobre a vida e obra de Adriano Correia de Oliveira.


O convite está feito. Aparece …e traz outro amigo também!

Trova do vento que passa



Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diza
o trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre

terça-feira, abril 03, 2007

Peter's, a música e não só.

Os Trovante começaram em 1976, em Sagres, quando um grupo de amigos se juntou para fazer música. A sua formação original era constituída por João Nuno Represas, Luís Represas, Manuel Faria, João Gil e Artur Costa.
Em 1990 o grupo edita o seu último disco de estúdio "Um Destes Dias" que terá em "Timor"o seu maior êxito.
Entre 76 e 90, os Trovante deixaram uma forte marca na música portuguesa, com algumas canções que se mantêm firmes entre as mais ouvidas da nossa música.

Falo agora de um local Mítico na Ilha do Faial.
«Se velejares até à Horta e não visitares o “Peter”, não viste a horta na realidade». Esta é, sobretudo entre os yatchmen (velejadores), uma expressão comum que expressa uma realidade que se foi constituindo em torno de um café-bar que ganhou uma projecção mundial notável primeiro entre o “iatismo” internacional que lá encontra acolhimento, apoio, e ambiente para aceso e franco convívio, depois entre o comum turista que lá busca a mística e a fama de um ambiente especial e de um gin único.
A meio caminho entre a Europa e a América, os Açores são geograficamente um ponto estratégico de paragem obrigatória nas navegações atlânticas.
Desde o principio do séc. xx que o “Peter” café Sport tem passado de pai para filho na família Azevedo, mantendo firme a herança da tradição pela qual este local mítico ganhou a sua dimensão mundial.
A mística do “Peter” está bem retratada na canção que lhe foi dedicada pelos trovante. Para mim uma das melhores da banda, e qe tem uma mensagem espectacular na sua letra.
Mais do que um café o “Peters” é um cartão de visita de Portugal no mundo. Um ícone da nossa cultura na arte de bem receber, de ajudar que vem solitário em viajem, de esperar com os braços abertos, e um acenar de amizade na partida que leva na saudade de um copo de gin a vontade de voltar.
Vale a pena ler a AQUI a historia do “peter”.

PETER´S - TROVANTE



Encontro uma ilha
Será maravilha ou tem
O que ninguém deu
Durante a viagem
P´ro outro lado

É mais outra ilha
Será que é mais outro porto
Em que se bebeuE se esqueceu
Um outro fado

[refrão]

Há quem espere por nós assim
Mesmo ao meio da rota do fim
Há quem tenha os braços abertos
Para nos aquecer
E acenar no fim

Há quem tema por nós assim
Quando os barcos partem por fim
Há quem tenha os braços fechados
Com beijo jurado
Eu voltarei pra ti


Nunca é miragem
Sabemos que o cais é certo
É a estrela polar
Em sol aberto
A castigar

Ficamos mais perto
Sentimos mais dentro a força
Do que nós somos
E do que queremos
Reconquistar

[refrão]

Dança de nuvens
O vento é meu companheiro
P´ra me embalar
No meu repouso
De aventureiro

[refrão]