segunda-feira, maio 28, 2007

Diferença

Por vezes a expressão faz-se de cultos muito particulares a determinado artista, banda, obra etc

E os cultos nascem da diferença, da coragem para remar contra a maré, de um pouco de loucura e da coragem em continuar mesmo sobre a sensura dos dedos ignorantes apontados, como os dedos que há muitos anos atrás apontavam para os leprosos como monstros.

Que vive no lado mais negro da realidade, quem dele faz arte e nele se mantém, é tido por muitos como seguidor do demónio, demente... ou depedente...

Fundados em 1984 os MÃO MORTA deram o seu concerto de estreia em janeiro de 1985.

As performances e o carisma de Adolfo Luxúria Canibal fizeram nascer, desde os primeiros momentos, um culto muito especial à volta da banda: «Uma garganta funda que liberta bílis às golfadas, que espanca os espectadores com as palavras, que os excita e irrita, que conta histórias de sexo, de crime e de repressão» (Blitz 110, 09/12/86, António Pires acerca de Adolfo Luxúria Canibal no RRV). E o culto foi crescendo. Em 1986 ganharam o Prémio de Originalidade do III Concurso de Música Moderna do extinto Rock Rendez-Vouz.

Desde 1984 até hoje os Mão Morta têm levado a poesia à musica de uma forma nunca antes vista.
Com Poemas embalados por musicas desde as mais melancólicas até ao rock puro e duro tanto em albuns de originais, versões de musicas de outras bandas ("mãe" dos xutos&pontapés é um dos exemplos mais conhecidos) poemas de autoria própria e de outros. Tudo isto tem enriquecido a obra de uma banda que nunca deixou de agitar as mentes mais inquietas de quem, em Portugal não se satisfaz com o "normal".



Floresta em sonho
Mão Morta

Esta noite atravessava uma floresta a sonhar
Ela estava cheia de horror. Seguindo a cartilha
Os olhos vazios, que nenhum olhar compreende
Os bichos erguiam-se entre árvore e árvore
Esculpidos em pedra pelo gelo. Da linha
De abetos, ao meu encontro, através da neve
Vinha estalando, é isto um sonho ou são os meus olhos que avêem,
Uma criança de armadura, coiraça e viseira
A lança no braço. Cuja ponta faísca
No negro dos abetos, que bebe o sol
O último vestígio do dia uma seta de ouro
Atrás da floresta do sonho, que me faz sinal de morrer
E num piscar de olho, entre choque e dor,
O meu rosto olhou-me: a criança era eu.

sexta-feira, maio 11, 2007

Vozes...apenas

Estou de regresso às lides neste blog para falar de um quinteto que já há algum tempo tinha lugar reservado neste espaço.


Os VOZES DA RÁDIO são um quinteto vocal formado em 1991 na cidade doPorto.

A primeira musica que ouvi vinda destas cinco magníficas vozes foi “os índios da meia-praia” de Zeca Afonso, resultante da participação no projecto de homenagem ao mesmo intitulado “filhos da madrugada”.

No seu ínicio o grupo portuense valia-se única e exclusivamente da voz para construir toda a melodia das canções, fazendo das vozes mais do que um meio para transmitir as palavras, verdadeiros instrumentos musicais. Tal facto pode ser verificado NESTA versão do original dos GNR “Dunas” .
Mais tarde introduziram algum instrumental nos seus trabalhos não deixando jamais que se descaracterize a essência dos Vozes da Rádio, o canto a cappella.
Mais do que cantores são verdadeiros músicos, tanto na intrepertação de originais como no arranjo de velhos êxitos da nossa musica.

O encanto do grupo não se acaba nas musicas que canta, passa também pelo sentido de humor apurado tanto em palco como fora dele que pode ser verificado por todos neste blog: http://vozesdaradio.blogspot.com/
Belas palavras e excelentes vozes, em melodias que nos embalam com uma suavidade dificilmente igualável.

É dificil imaginar a quantidade de horas de ensaios necessárias para atingir tamanha sincronização e afinação, mas quando o resultado é aquele que se vê...

E que tal este exemplo para atestar o que acabo de dizer? Verão que vale a pena!






Tu lês em mim
Como num Livro Aberto
Descobres Sempre
Quem é o Bandidooo

Se há um Mistério
Tu Andas por Perto
Com essa Coisa do Sexto Sentido

Naqueles Dias
Que Eu Estou de Apetites
Encontro Eco
No teu Galanteio

Trocamos TUDO
Até ficarmos Quites
Marcamos X's
Na Coluna do Meio

Se às vezes fico macambúzio
Com a Expressão de Peixinho Amarelo
Levas-me ao Mar
Que tensDentro de um Búzio
E eu Brinco
Nas Ondas do teu Cabelo

Tu Lês em Mim
Como num Livro Aberto
Tens a Mania de me Pressentir

Eu tenho o Saldo
Sempre a Descoberto
Até Pareço
Que Falo a Dormir

Quem dera um Dia
Ter uma Fezada
Ganhar um pouco
Desse Teu Condão

E pela Noite
Sem Tu dares por Nada
Pôr o teu Sonho
Na Palma da Mão

Se às vezes fico Macambúzio
Com a Expressão de Peixinho Amarelo
Levas-me ao MarQue tens
Dentro de um Búzio
E eu Brinco
Nas Ondas do teu Cabelo


Ps: ...no dia de te dar "aquele beijo especial" esta prenda é para ti "menina aluada", que me ensinaste a gostar mais e melhor destes 5 senhores e da sua música. Obrigado