quinta-feira, dezembro 27, 2007

As vozes de "Zeca" - 3 (Negro esperança)

O 3º post da série dedicada aos artistas que têm cantado, e honrado a obra de José Afonso vai mais uma vez ao encontro de uma extraordinária voz feminina.
Aproveitando também a maré de sucesso e reconhecimento tanto a nível nacional como internacional, é justo, falar de Mariza.

Da voz…que dizer? Mas quando a juntar a isso parece transparecer humildade, generosidade, simpatia e simplicidade para com o público, imprensa, é de louvar que estejamos tão bem representados na voz de uma pessoa que parece cultivar essas qualidades.

O ar jovem e bem disposto de alguém cuja imagem é já esteticamente forte, é salutar na música portuguesa em geral e muito particularmente no fado. Menino do Bairro Negro, é uma composição belíssima de Zeca Afonso, com uma mensagem de esperança às mais humildes existências. Numa versão transformada em fado, não será melhor que o original…diferente é sem dúvida, e bonita com toda a certeza.





Menino Do Bairro Negro
Mariza

Composição: José Afonso



Olha o sol que vai nascendo,
Anda ver o mar,
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar

Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão,
Vem ver a luz

Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Virá também

Negro, Bairro negro,
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego

Menino pobre teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção

Olha o sol
Que vai nascendo...
Se até dá gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti?

Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver

Negro bairro negro,
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego

Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar

sábado, dezembro 08, 2007

As vozes de "zeca" - 2

Se de uma composição genial de José Afonso juntar-mos a qualidade musical dos Madredeus e a voz de Tereza Salgueiro resulta algo parecido com isto:



Maio Maduro Maio

Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul

Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andavaA
o longe a varar

Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar

Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu

José Afonso