quarta-feira, agosto 30, 2006

O HOMEM DOS MIL DEDOS

Para esta curta viagem ser perfeita é favor pôr a seguinte musica a tocar enquanto lê as seguintes linhas…







Para o Mestre Carlos Paredes as coisas eram tão simples como respirar: « As pessoas gostam de me ouvir tocar Guitarra, a coisa agrada-lhes e aderem. Não há mais nada.»

Dito por aqueles com ele privaram, Paredes era dono de uma simplicidade comovente e sua modéstia é a única coisa que se pode comparar em tamanho ao seu talento.

Gravou o primeiro disco aos 32 anos, embora tenha aprendido a tocar Guitarra aos 5.
Nunca deixou de trabalhar como arquivador de radiografias no H. São José. Só nos anos 80, ao ser promovido (á sua revelia) a um cargo no qual pouco ou nada tinha de fazer, é que lhe sobrou tempo para se dedicar plenamente á guitarra. Guitarra essa a que paredes atribuía, humildemente, as virtudes da sua arte: «Já me tem acontecido as pessoas chorarem enquanto eu toco (…) mas é a sonoridade da guitarra, mais do que a musica que se toca, que emociona as pessoas.»

A Guitarra portuguesa não se toca como uma simples viola, “arranhando” as cordas para cima e par baixo, toca-se trinando as cordas, beliscando-as, apertando, puxando e soltando-as levando os dedos e pulsos a executarem números do mais inacreditável contorcionismo.

Paredes fê-lo como ninguém, fazia-o com destreza tal que os movimentos dos seus dedos eram demasiado rápidos para a compreensão do olhar humano. Mas fazia-o com a harmonia e fluidez que só a magia pode explicar.

Cliquem AQUI e saibam porquem algúem o apelidou de: "O HOMEM DOS MIL DEDOS"

6 comentários:

Lua disse...

Simplemente fenomenal,pena que internacionalmente nunca tenha visto reconhecido o seu valor.

João Silva disse...

mystic, não estou de acordo quando referes a importancia da ausencia de reconhecimento internacional! é certo que a merecia, mas Paredes nunca precisou dela para ser feliz, há valores que se sobrepõem á fama,o amor pela arte e o prazer de a executar, e paredes é o melhor exemplo disso.
O que se diz dele, é que era feliz por tocar guitarra nem que fosse apenas para os amigos que gostavam de o ouvir.
mas que merecia...lá isso merecia!

The Star disse...

Bem, João. Aqui neste blog dás-nos a conhecer o teu outro lado, o lado mais sério e apaixonado pela música que se vai fazendo por cá.
Tenho de confessar que nem tudo o que aqui publicas vai ao encontro dos meus gostos musicais. Mas o que é certo, é que me tens despertado curiosidade. Este post é um bom exemplo.
Nunca fui muito à bola com o nosso fado. Sei que é um estilo muito próprio e é só nosso, é português, e isso enche-me de orgulho, mas eu pessoalmente não o aprecio. Acho-o muito triste e emocionante. É interpretado com muito sentimento, e isso transparece a quem o está a ouvir. Para mim, a música tem de estimular, porque a música é uma grande fonte de energia. Muitas vezes, ouço-a só para me alimentar o espírito quando estou deprimida. O fado, infelizmente só me faria sentir ainda pior.
Este post, pôs-me a ouvir a nossa guitarra portuguesa, tão bem dedilhada pelo mestre Carlos Paredes. E não só me pôs a ouvi-la só por ouvir; dei por mim a ser embalada ao som destas cordas mágicas… Já conhecia a música, mas nunca a tinha descoberto desta forma. Ler o que escreveste e ter como pano de fundo esta melodia, foi um renascer, um despertar. Belíssima música.
Obrigada, João.

João Silva disse...

the star, gostei tanto ou mais de ler as tuas palavras, que tu as minhas!
obrigado ;)

The Star disse...

João, as palavras sairam-me directamente do coração. Por isso, não há que agradecer.
Só te peço que continues a escrever desta forma e publiques boa música, como esta última.

Anónimo disse...

coincidências... e bom gosto!
http://venhammaiscinco.blogspot.com/2006/07/c-carlos-paredes-mestre-carlos-paredes.html