sexta-feira, fevereiro 16, 2007

O doutor que escolheu ser músico

Carlos Paião, nasceu em 1957 e faleceu tragicamente em 1988 num acidente de viação.
Morreu jovem e com muito para dar à música portuguesa, sendo verdade que aquilo que deu é muito…e bom!
Licenciou-se em medicina em 1983, tendo ainda assim dedicado a sua vida exclusivamente á musica. Em 1978 tinha já escrito, segundo algumas fontes, mais de 200 canções.
Carlos Paião foi um músico multifacetado, compôs para ele e para os outros, interpretou belas baladas, fez musica popular alegre e “dançável” …fez inclusivamente comédia (quem não se lembra da canção do beijinho cantada em dueto com Herman José ou o mesmo Herman na pele de “José Esteves” a cantar: “…vamos lá cambada, todos à molhada…”?)

Carlos Paião é a prova de que para se escrever coisas bonitas não é preciso vocabulário erudito, nem ter mensagens subliminares nas entrelinhas de um poema. Paião mostrou que para cantar o amor basta apenas falar em coisas tão simples como duas crianças que “dividem a merenda tal e qual uma prenda que se dá nos anos”. Apenas a inocência de duas crianças que gostam ingenuamente uma da outra serviu a Carlos Paião para nos dizer que o amor é simples. É um olhar, um beijo, uma palavra, uma partilha….uma simples brincadeira!



CINDERELA

Eles são duas criancas a viver esperanças, a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir.
Numa ou outra brincadeira passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados e são namorados sem ninguém pensar.

Foram juntos outro dia, como por magia, no autocarro, em pé.
Ele la lhe disse, a medo: "O meu nome é Pedro e o teu qual é?"
Ela corou um pouquinho e respondeu baixinho: "Sou a Cinderela".
Quando a noite o envolveu ele adormeceu e sonhou com ela...

(Refrão)
Então, Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender, Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.

Cinderela das histórias a avivar memórias, a deixar mistério
Ja o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério.
Ela, quando lá o viu, encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada ninguém deu por nada, ele até chorou...

Refrão

E agora, nos recreios, dão os seus passeios, fazem muitos planos.
E dividem a merenda, tal como uma prenda que se dá nos anos.
E, num desses momentos, houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela: "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."

Refrão

6 comentários:

The Star disse...

A cada post teu aqui n'Os Verdadeiros Artistas... da nossa cultura, me consegues surpreender.
É incrível como o Carlos Paião não sendo muito do teu tempo (uma vez que, infelizmente já morreu há alguns aninhos), tu consegues ter uma visão tão nítida daquilo que ele foi e ainda hoje representa no nosso panorama musical.
Tudo o que tu aqui falaste sobre Paião, apoio e reforço. Ele era e continua a ser um dos músicos que mais me marcou, não só sua trágica morte (ainda hoje me lembro desse dia), mas principalmente pelo seu contributo à nossa música.
A sua simplicidade (a todos os níveis) conquistou-me, e só tenho pena que depois dele, mais nenhum artista se tenha destacado da mesma forma.
Obrigada, joão, por divulgares o talento indicutível deste grande hoam, Carlos Paião.

Patixa disse...

olá...
vim responder ao pedido que deixaste lá no meu Cantinho! O livro é "Lenga Lengas" da editora Livros Horizonte (recolha e selecção de Luísa Ducla Soares e ilustrações de Sofia Castro). Encontras na Fnac!
Aproveito para dizer que dei uma espreitadela no teu Blog (estou sem tempo para mais) e vejo logo na 1ª página algumas referências de que gosto, Carlos Paião, Zeca Afonso e XUTOS!!
Vou voltar!

Bjos

Custódia C. disse...

A simplicidade na música.
Que saudades.
Os pais do Carlos Paião moravam no meu Bairro. A morte dele chocou-nos a todos.

Anónimo disse...

Que recordação esta musica me traz!

:)

Touro Zentado disse...

Tão bom! É mesmo! Música tão singela mas tão forte ao mesmo tempo!

Mónica disse...

ganda merda