O país não tem sabido agradecer aos que o fazem rir. Fazer rir representando um papel é, segundo os entendidos, mais difícil que fazer chorar.
Dos actores portugueses, aquele que mais admiro, e que melhores momentos me tem proporcionado é o actor e encenador José Pedro Gomes.
Na sua ligação ao trabalho de Herman José, desde os tempos do “caxuxo” do Casino Royal, até à Herman Enciclopédia ( que foi para mim o melhor programa de humor da TV portuguesa), entre outros, José Pedro Gomes tem feito rir muita gente com a sua genialidade.

No teatro, fez parceria com António Feio naquela que foi a mais brilhante interpretação que me recordo ter visto. Aconteceu em
“O que diz Molero” em que durante 3 horas de diálogo e longos monólogos também, com uma expressão física que só por si enche o palco somos levados a viajar pelo riso, pela aventura, pelo amor, pela emoção, pelo medo….pelo mundo afinal! Como se estivéssemos a ler uma banda desenhada fantástica.
É com António Feio, também ele alvo de grande admiração da minha parte que tem partilhado muitos sucessos no teatro e na TV.
O merecido êxito mediático surgiu a galope nas palavras de uma conversa da treta.
Sem cenário, sem adereços, apenas com conversa simples de humor inteligente, embora muitas vezes camuflado pelos traços pouco intelectuais dos personagens.
Quer se queira quer não, é um feito tremendo e ao alcance apenas dos grandes artistas pôr uns país a rir de norte a sul com recorrendo a tão escassos trunfos.
A cultura não está apenas nos “livros”. A palavra cultura define as “características de um povo”, e cada um de nós reconhece um pouco do Toni e do ZéZé. São duas caricaturas brilhantes, e hilariantes de um Portugal que não é cinzento ao contrário do que muitos dizem. É repleto de matéria prima para que o humor seja uma arte por mais simples e popular que seja a forma como é apresentado.