quarta-feira, abril 11, 2007

Homenagem ao trovador

Adriano Maria Correia Gomes de Oliveira nasceu em Avintes, em 9 de Abril de 1942 e faleceu ainda jovem aos 40 anos.
Cantor e compositor de grande qualidade, ninguém diria ao contemplar a extensão da obra que deixou que teve tão escassos anos de vida.. Adriano Correia de Oliveira estudou direito em Coimbra, e foi lá que se começou a notabilizar como um dos grandes intérprete do fado de Coimbra. Em 1963 saiu o primeiro disco "Fados de Coimbra" que continha Trova do vento que passa, essa balada fundamental da sua carreira, com poema de Manuel Alegre, em consequência da sua resistência ao regime salazarista, e que as suas movimentações levaram a gravar, foi o hino do movimento estudantil. Em 1975 lançou "Que Nunca Mais", com direcção musical de Fausto e textos de Manuel da Fonseca Este discolevou a revista inglesa Music Week a elegê-lo como "Artista do Ano". A sua filha Isabel Oliveira, recebeu em nome do pai das mãos de Mário Soares a Ordem da Liberdade.

Na Marinha Grande, no museu do vidro, na passada 2ª feira, (data do 65º aniversário do nascimento de Adriano) foi feita uma homenagem a Adriano Correia de Oliveira, com a presença de várias personalidades, amigos do cantor, e familiares.
Foi feita nessa sessão solene, para além da inauguração de uma exposição sobre a vida e obra de Adriano, a apresentação do CD “Adriano Sempre…” composto por versões livres dos temas mais conhecidos do cantor interpretados por músicos marinhenses e nacionais. No dia 21 de Abril, no parque municipal de exposições da Marinha Grande esse CD dará o mote a um grande concerto, inserido nas comemorações do 25 Abril, em que vários artistas envolvidos na gravação do CD vão interpretá-lo em palco.

este é link para saber mais sobre a iniciativa de que falei e sobre a vida e obra de Adriano Correia de Oliveira.


O convite está feito. Aparece …e traz outro amigo também!

Trova do vento que passa



Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diza
o trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre

6 comentários:

Anónimo disse...

Sarava Adriano.

Custódia C. disse...

O Adriano, foi um dos cantores que marcou a minha juventude no antes e pós Revolução.
A homenagem que se vai realizar é muito merecida!

as velas ardem ate ao fim disse...

Excelente!

Abril!

bjinhos

Anónimo disse...

olha..gostei de saber..e até pode calhar..é um programa diferente..quem sabe?..(é sempre bom saber destas coisas)..
e o trovador..é dos verdadeiros,..dos que ficam pra sempre no limiar de alguma história...(ah..depois de ouvir isto só me apetece ir ali abaixo á adega abrir uma "especial"
smak!

Maria disse...

Eu andei por aqui ontem...
Mas se calhar não comentei...
Eu que eu quero dizer é que o Adriano, tão esquecido na nossa televisão e radiodifusão, foi, é, uma das vozes Maiores do nosso canto.
Tenho pena, muita pena, de não poder estar na Marinha Grande no dia 21.
É que as comemorações de Abril já começam e não tenho o dom da ubiquidade...
Conta depois como foi.

Um abraço

borrowingme disse...

é muito politico para o meu gosto...

bjs joão e já voltou a inspiração